Ele não era de muitas conversas. Chegou em casa, pendurou sua capa de chuva em um cabide atrás da porta, tirou as botas sujas de lama e entrou para o quarto, fechando vagarosamente a porta de madeira envelhecida.
Dorotéa, sua mãe, observava cada movimento com o olhar. Entre um gole e outro de vinho do porto, remendava as calças velhas do seu marido.
Era uma tarde fria e silenciosa; apenas o canto dos bem-te-vis e dos gaturamos quebravam aquele silêncio sepulcral.
Uma porta range no final do corredor. Ele saiu apressadamente. Foi até a cozinha e comeu um pedaço de queijo coalho que estava sobre a mesa.
Mais uma vez, sem dizer uma palavra, sai da casa e vai em direção ao terreiro.
Ainda chovia; aquela chuvinha fina de fim de verão.
Dorotéa acompanha os passos do filho a desaparecer silenciosamente no caminho.

Esqueceu a capa de chuva.

Conhecendo

Uma das mais fascinantes expressões do ser humano é a palavra. A mente tece cenas, a palavra cria asas, em murmúrios o papel em tudo concede. Indagações, em frases soltas, atravessa o passado e o túnel do tempo, pairando na consonância do presente. Exprime em metáforas, dedilha a alma humana, na arte do palavrear.

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