Nalgum Lugar



Nalgum lugar
Devo encontrar um lar
Longe de mim
Noutro olhar.

Algum lugar
deve existir
pra ser meu lar
e esquecer de mim.

(Noac Almeida)



Ele não era de muitas conversas. Chegou em casa, pendurou sua capa de chuva em um cabide atrás da porta, tirou as botas sujas de lama e entrou para o quarto, fechando vagarosamente a porta de madeira envelhecida.
Dorotéa, sua mãe, observava cada movimento com o olhar. Entre um gole e outro de vinho do porto, remendava as calças velhas do seu marido.
Era uma tarde fria e silenciosa; apenas o canto dos bem-te-vis e dos gaturamos quebravam aquele silêncio sepulcral.
Uma porta range no final do corredor. Ele saiu apressadamente. Foi até a cozinha e comeu um pedaço de queijo coalho que estava sobre a mesa.
Mais uma vez, sem dizer uma palavra, sai da casa e vai em direção ao terreiro.
Ainda chovia; aquela chuvinha fina de fim de verão.
Dorotéa acompanha os passos do filho a desaparecer silenciosamente no caminho.

Esqueceu a capa de chuva.

feliz ou triste


hoje, queria estar triste
para escrever algo diferente,
consistente,
para que todos elogiassem,
mas não consigo
porque estou feliz.

não sei se prefiro feliz ou triste,
apesar de não saber o que escrever.

a felicidade me cala
me cala porque preenche meu ser.

a tristeza me faz falar,
gritam as vozes que me dominam.

feliz ou triste afinal?
acho que prefiro como eu estou

Feliz.



CAMINHEIRO TRISTE


O CAMINHEIRO VAI
NO SEU PASSO TRISTE
PELAS RUAS ESTREITAS E SOMBRIAS
 ATRÁS DO AMOR QUE PERDEU
NO CAMINHO...
(Noac Almeida)

Ipê Roxo


Ipê Roxo, ainda jovem
queria ser árvore frondosa.
Ficou apaixonado.
Apaixonou-se por Rosa Vermelha,
meiga, bela, singela.
Teve que se podar
pra ficar do tamanho dela.
Virou bonsai.

Noac Almeida

DAQUI DO ALTO



Daqui do alto, vejo tudo
Vejo os pássaros a planarem por entre os penhascos
Vejo o vento a beijar teu rosto
e passar por entre teus cabelos.
Vejo a dor de quem parte,
e a alegria do retorno.
Lençóis dançam no varal.
O sol aquece, mas não queima.
Ele é testemunha do meu amor por ti.
Essa imensidão que vejo
não é mais minha,
te dou sem reserva.
Tirarei uma gota do mar do meu amor
pra matar tua sede.
Daqui de cima tudo é mais belo
porque não tem fim
assim como meu amor por ti.
Mas terei que descer...
descer à velha realidade
de passar dias sem te ver,
noites sem te beijar,
sonhos vazios e sem cor.
Mas quando eu subir mais uma vez
vou te beijar
te dar o meu mundo
e toda a imensidão que nos cerca.

Noac Almeida

DESENCONTROS


Vai, pode ir...
Não quero mais pedaços desse amor abjeto.
É tudo ou nada.
Cansei de mendigar doses de amor.
Saiba que seu desprazer não me atingiu.
Sairei por essa porta
incólume
Sem mácula, nem ferida.
Amanhã é outro dia.
Tenho plena certeza
que será um lindo domingo de sol.
Estou deixando minhas nuvens negras
aqui contigo.
Use-as.
Afinal, foi você quem me deu.
Não choro pelo acontecido,
pela dor, pela distância
Choro pelo não aproveitado
tempo perdido,
pelo não vivido.
Mas amanhã chegará o sol.
Ele vai iluminar os cantos mofados
do meu coração
aqueles que você esqueceu de esquentar.
Porque aquelas nuvens negras que você me deu
Deixo-as aqui contigo.
Ele vai brilhar, sim. O sol vai brilhar.
E poderei ver aquilo que você não deixou.

(Noac Almeida)

(A)MAR



MAR EM MIM

AMOR EM MIM

MAR SEM FIM


(Noac Almeida)

EU E A LUA



Bela, pendurada no céu,
serena ao caminhar por entre as nuvens.
O teu brilho vem em direção a mim
e me sinto coberto pelo teu véu.
Que este teu brilho seja o reflexo
do meu amor a olhar para ti.
Cá na terra me deixaram,
não se achegam a mim
e hoje só tenho a tua companhia.
Tu consegues quebrar a escuridão
desta noite fria e triste.
Oh! lua, quebra também a escuridão do meu coração,
me leva pra juntinho de ti,
pra nós fazermos festa aí nas nuvens,
roubar o cavalo de São Jorge,
bater na porta do céu
e sair noite adentro
apagando cada estrela
pra que só tua luz clareie esse breu.
E quando o sol sair...
Quando o sol sair, eu volto pra casa
volto à velha vida de escuridão
pra quando chegar a noite,
eu ir fazer festa contigo novamente.

(Noac Almeida)

POEMA MUDO



Onde estão as palavras?

Elas fugiram daqui.

Não sei o que aconteceu.

Encontrei a hora,

perdi a rima.

Bebia da fonte dos mais

puros sentimentos.

Meu maior temor é que ela seque

e que eu volte a ser criança.

Hoje, estou amordaçado,

engulo as palavras que queria te dizer;

Elas, mesmo sem querer,

vão para o outro lado,

outro lado distante.

Se melhor, não sei...

Mas não se assuste com a mudez minha,

o que te disse era realmente

tudo que eu tinha.

Já contemplei teu silêncio,

hoje, vivo isso.

Vejo, vejo somente

com os dois olhos que tenho

Falar...

Estou reaprendendo

Como uma criança.

E quando aprender,

tudo aquilo que não te disse

vou te dizer

da forma mais bela.

Talvez não da sua forma,

mas singela.

Minhas palavras de outrora

emudeceram-me agora.


Noac Almeida


TEU SILÊNCIO


Fito o olhar em direção a ti
Minha imagem reflete em teus olhos.
Te pergunto se posso ir contigo,
mas tu não me respondes.
Teu silêncio me faz pensar naquilo que há de vir
ou não.
Mergulho na profundidade deste silêncio
e percebo quão belo é teu interior.
Preciso aprender a domar as vozes que gritam dentro de mim
e deixar o teu silêncio habitar meu ser.
Imerso em meio a tanto silêncio, aprendo.
Aprendo que a felicidade está mais perto de mim
do que imaginava;
aprendo que nesta vida pode haver apenas uma única chance;
e que a distância maltrata, mas não é tão ruim assim.
Não, não precisas me falar.
Apenas me responda com teu olhar
se ainda posso estar do teu lado, te acompanhar,
ser parte tua, caminhar junto a ti.
Se não puder mais, não me culpo:
é porque, certamente,
não soube mergulhar teu ser por inteiro.

(Noac Almeida)
                                            

VOO DE ÁGUIA



Cessem, vozes nocivas!
Calem, línguas ferinas!
Preciso ouvir o que me rodeia,
preciso ouvir a voz,
aquela voz que emana do meio do silêncio.
Algo me diz que ela me trará paz
Será? Quem me dirá?
Sinto a voz se aproximar...
Ela não vem sozinha
Vem acompanhada
Vem cantarolando
Com uma história na mão.
Oh! Voz, para onde levas essa história?
Ela me diz que leva àquele que precisa escutar.
Será eu?
Sim. Sou eu.
Preciso escutar o que tu trazes, doce voz.
O que tu queres que eu faça? Para onde vais me levar?
Não! Para lá, não! Lá tem um abismo!
Pularemos, juntos – me diz ela.
Precisas pular para que tuas asas cresçam
Tu já não és simplesmente andorinha,
Tu és águia! Tuas asas precisam crescer;
Eis que eu te dou um consolo:
Voar mais alto.
Teu voo te trará sossego
Irás esquecer toda dor, toda obscuridade
E voarás cada dia mais alto, alto.

(Noac Almeida)

Dia das Mães



Uma data tão especial não poderia ser esquecida... Como não lembrar daquela que nos gerou, que foi protagonista do nosso desenvolvimento e formação social, crítica e principalmente humana? Neste Dia das Mães, apesar de atrasado (mas Dia das Mães é todo dia!!!), dedico estas palavras; simples e às vezes até sem nexo, mas expressão sincera de um sentimento cultivado desde a gestação.


Mãe...
Não poderia iniciar com palavra tão bela
A primeira que aprendi a falar
Quero te dizer de forma bem singela:
Obrigado por me ensinar a amar!!
Tuas noites gastas comigo
Hoje te digo: não foram em vão
Serviram para que eu entendesse
A graça de Deus me deste.
Te guardo no coração.
Mãezinha, que Deus te abençoe
Que assim como a Mãe de todas as Mães: Maria
A Mãe do silêncio
Tu possas silenciar na hora certa,
Corrigir quando necessário.
Nunca se esqueça, Mãe
Que nessa vida tudo devo a ti
Mãe, te amo!!


PS: Poema dedicado de forma especial à minha mãe Marli e minha avós: Vó Elisa e Mãe Raimundinha.


                                                                                                                                    (Noac Almeida)

Caminhos de felicidade



Vamos caminhar?
Eu não sei pra onde ir...
Só sei que caminhos tortuosos me esperam.
Serei engolido e levado a um lugar distante,
longe de toda inverdade
bem pertinho da felicidade.
Enquanto eu ainda vou,
tu já estás de volta.
Vais me esperar?
Quero aprender contigo,
conhecer teus segredos,
perder meus medos,
Ser feliz!
Simplesmente vou...
Vou em direção àquilo que não conheço
Mas que poderá me trazer o que espero
De ti.


(Noac Almeida)

EU E O QUERER




Quero existir
Quero viver
Quero caminhar
Quero buscar, quero ter
Quero precisar
Quero precisar de precisar
Quero depender
Quero estar
Quero você.

(Noac Almeida)

Conhecendo

Uma das mais fascinantes expressões do ser humano é a palavra. A mente tece cenas, a palavra cria asas, em murmúrios o papel em tudo concede. Indagações, em frases soltas, atravessa o passado e o túnel do tempo, pairando na consonância do presente. Exprime em metáforas, dedilha a alma humana, na arte do palavrear.

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